Sempre que penso em investir em uma nova ação, gosto de fazer uma análise detalhada para entender se ela realmente faz sentido para minha carteira. Afinal, investir sem conhecer a empresa pode ser um grande erro. Hoje, decidi olhar para PETR4, a ação da Petrobras, uma das maiores companhias de petróleo do mundo e um dos ativos mais negociados na Bolsa de Valores do Brasil.
Meu objetivo aqui não é dar uma recomendação de compra ou venda, mas sim avaliar os números da empresa e entender seus pontos positivos e riscos. Será que a Petrobras está barata? Seus dividendos são sustentáveis? Como está sua saúde financeira? Essas são algumas perguntas que pretendo responder ao longo desta análise.
Para isso, vou examinar indicadores fundamentais, como valuation, rentabilidade, endividamento e crescimento. Também quero entender se os dividendos extremamente altos são um bom sinal ou se escondem algum risco.
📢 Disclaimer: Este artigo tem caráter educacional e informativo e reflete apenas minha análise pessoal sobre a PETR4. Não se trata de uma recomendação de compra ou venda de ativos. Investir na bolsa de valores envolve riscos, e cada investidor deve fazer sua própria pesquisa, considerar seus objetivos financeiros e, se necessário, buscar a orientação de um profissional qualificado antes de tomar qualquer decisão.
1. Começando pelo Valuation
Uma das primeiras coisas que eu observo é o P/L (Preço sobre Lucro), que no caso da PETR4 está em 13,34. Isso indica que, ao preço atual, o mercado está disposto a pagar 13,34 vezes o lucro da empresa. Para empresas consolidadas, esse valor pode ser considerado razoável, mas sempre vale comparar com concorrentes e com a média histórica da própria empresa.
O P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) está em 1,33, ou seja, a ação está sendo negociada a um valor 33% acima do seu patrimônio líquido. Isso me mostra que o mercado enxerga valor na empresa além dos seus ativos, o que pode ser positivo ou simplesmente refletir o preço do petróleo e a confiança dos investidores.
Outro indicador interessante é o P/Receita (PSR), que está em 0,99. Quando vejo um PSR abaixo de 1, isso pode indicar que a ação está subavaliada em relação à sua receita. Mas claro, só esse dado isolado não significa muito, então preciso continuar investigando.
2. Os Dividendos Chamam Atenção
Algo que imediatamente me chama atenção na PETR4 é o dividend yield de 20,77%. Isso significa que, ao preço atual, os dividendos pagos representam mais de 20% do valor da ação, o que é um número muito alto.
Por outro lado, o payout está em 282,27%, ou seja, a Petrobras distribuiu mais do que o próprio lucro. Isso pode indicar que a empresa usou reservas ou até mesmo tomou dívida para manter essa política de distribuição. Eu gosto de dividendos altos, mas sempre fico atento à sustentabilidade deles no longo prazo.
3. Rentabilidade e Eficiência Operacional
A Petrobras tem margem bruta de 50,21%, o que significa que metade da sua receita vira lucro bruto. É um número bastante alto, mostrando que a empresa tem um bom controle de custos na extração e refino do petróleo.
A margem EBITDA é de 35,37%, enquanto a margem EBIT está em 27,95%. Isso reforça que a operação da empresa é bem lucrativa antes dos impostos e despesas financeiras.
Mas o dado que realmente importa no final das contas é a margem líquida, que está em 7,46%. Esse número já é mais modesto, o que me faz questionar o quanto dos ganhos operacionais estão sendo consumidos por impostos, juros ou outros custos.
4. Endividamento: Está Sob Controle?
Outro ponto essencial para mim é a saúde financeira da empresa. No caso da Petrobras, vejo que:
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Dívida Líquida / Patrimônio = 0,89 (para cada R$ 1,00 de patrimônio, há R$ 0,89 de dívida líquida).
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Dívida Líquida / EBITDA = 1,88 (a empresa levaria menos de 2 anos de geração de EBITDA para quitar sua dívida líquida).
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Dívida Bruta / Patrimônio = 1,02 (a dívida bruta equivale praticamente ao patrimônio da empresa).
No geral, esses números não me parecem alarmantes. A dívida está controlada e, considerando o fluxo de caixa gerado pela empresa, não vejo um risco imediato.
O único ponto que me deixa um pouco desconfortável é a liquidez corrente de 0,69, o que significa que os ativos de curto prazo não cobrem totalmente os passivos de curto prazo. Isso pode gerar pressão financeira, então vale a pena monitorar.
5. Retornos e Crescimento
Para mim, os retornos são fundamentais para entender se a empresa realmente está gerando valor para os acionistas. No caso da PETR4:
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ROE (Retorno sobre o Patrimônio) = 10,00% → O retorno sobre o capital investido pelos acionistas está dentro do esperado para uma empresa desse porte.
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ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) = 16,16% → Esse número me agrada mais, pois mostra que a Petrobras tem conseguido gerar um retorno interessante sobre todo o capital que usa.
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ROA (Retorno sobre Ativos) = 3,29% → Já esse número é baixo, mas faz sentido, considerando que empresas do setor de petróleo possuem muitos ativos de grande porte que demoram para gerar retorno.
Outro ponto que gosto de avaliar é o crescimento da empresa nos últimos anos:
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CAGR Receita 5 anos = 12,53% → Um crescimento sólido.
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CAGR Lucro 5 anos = 42,72% → Aqui sim um crescimento impressionante dos lucros, possivelmente impulsionado pelo aumento do preço do petróleo e eficiência operacional.
6. O Que Eu Concluo Com Essa Análise?
Depois de analisar todos esses números, aqui estão alguns pontos que me chamam atenção na PETR4:
✅ Pontos Positivos
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Dividendos extremamente altos (mas preciso avaliar a sustentabilidade disso).
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Margens operacionais fortes, indicando que a Petrobras tem uma operação eficiente.
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ROIC de 16,16%, mostrando um bom retorno sobre o capital investido.
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Endividamento controlado, sem grandes riscos no curto prazo.
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Lucros cresceram bastante nos últimos anos, o que mostra que a empresa conseguiu se tornar mais eficiente.
⚠️ Pontos de Atenção
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Payout elevado, indicando que a política de dividendos pode não ser sustentável.
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Margem líquida relativamente baixa, o que reduz a conversão do faturamento em lucro real.
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Liquidez corrente de 0,69, um número que pode indicar dificuldades no curto prazo.
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Alta exposição a fatores externos, como preço do petróleo e decisões governamentais.
E Agora, Invisto ou Não?
Essa é sempre a grande pergunta. No meu caso, antes de tomar qualquer decisão, eu levaria em consideração alguns fatores extras:
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O preço atual da ação está atrativo ou já subiu muito?
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Os dividendos são realmente sustentáveis?
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Como o setor de petróleo está se comportando globalmente?
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Quais são os riscos políticos e regulatórios que podem afetar a empresa?
A Petrobras tem bons números, mas como qualquer empresa do setor de commodities, está sujeita a muitas variáveis externas. Por isso, se eu decidisse investir, seria com uma visão clara de longo prazo e consciente dos riscos envolvidos.
E você, como vê a PETR4? Deixaria na carteira ou prefere outras oportunidades?